Saubara, cidade
do Recôncavo baiano, recebeu a I Mostra de Samba de Roda de Saubara nos dias 22
e 23 de março. O evento recebeu manifestações culturais de matriz africana de
algumas regiões do Brasil. A mostra proporcionou mesas de discussão, shows,
oficinas e apresentações e evidenciou seu caráter agregador de manifestações
culturais. As que ali estavam
representadas foram; O samba de roda do Recôncavo baiano, o carimbó do Pará, o
tambor de crioula do Maranhão, e o jongo do Sudeste.
A presença desses
grupos se deu pela semelhança entre suas práticas. O sentimento de
pertencimento de grupo propiciou um debate interessante e enriquecedor entre os
agentes culturais. No dia 23 de Março pela manhã, aconteceu uma mesa de
discussão na Associação Cultural Ilê Axé Baba Okê e uma das falas que permearam
o debate foram dos representantes do IPHAN. Foi discutida durante esta mesa uma
das grandes diretrizes em destaque do instituto, a Salvaguarda, que vem
reconhecendo práticas e memórias dos povos brasileiros.
Atualmente o
instituto está catalogando as possíveis práticas que constituem o patrimônio imaterial
brasileiro, mantendo assim uma política eficaz de preservação e resgate
cultural, através dos “registros”, que diferem dos “tombamentos” a bens
materiais. A união dos grupos de práticas semelhantes aumenta a força e indica
o caminho a ser trilhado para conseguir tal registro. O samba de roda
conquistou-o em 2004 e faz parte do livro de registros do IPHAN desde então.
É através da luta
dos parceiros do samba de roda em conseguir o registro com o IPHAN, que
percebe-se a vontade de determinados grupos de conquistarem o devido
reconhecimento, e permanecerem como cultura ativa de uma sociedade cada vez
mais esterilizada. É através de instâncias como o IPHAN que patrimônios culturais
são valorizados, e tendem deixar a marginalidade a qual foram submetidos
durante anos de repressão.
Os patrimônios
culturais trazem em si parte da trajetória da sociedade brasileira, marcada por
profundas chagas. Eles ajudam a superar, sem esquecer, injustiças feitas a
etnias, grupos sociais ou minorias; garantindo por fim algumas das condições
essenciais para a tão desejada harmonia social.
São eventos como
este que tem como baluarte um simples sentimento tantas vezes não relacionado a
patrimônios culturais, o respeito. Tal sentimento transforma o simples ato de
receber, acolher e dar voz ao patamar de condição primária do trato com a
cultura. E consequentemente, eleva seus praticantes à condição de mestres,
visando incentivar não só os atuais praticantes, mas também os futuros, que ao
se verem reconhecidos e valorizados, acabam por garantir o presente e o futuro
de tais manifestações.
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