quinta-feira, 11 de abril de 2013

I Mostra de Samba de Roda de Saubara discute preservação e resgate cultural

Por Rafael Villanueva Teixeira

Saubara, cidade do Recôncavo baiano, recebeu a I Mostra de Samba de Roda de Saubara nos dias 22 e 23 de março. O evento recebeu manifestações culturais de matriz africana de algumas regiões do Brasil. A mostra proporcionou mesas de discussão, shows, oficinas e apresentações e evidenciou seu caráter agregador de manifestações culturais.  As que ali estavam representadas foram; O samba de roda do Recôncavo baiano, o carimbó do Pará, o tambor de crioula do Maranhão, e o jongo do Sudeste.
A presença desses grupos se deu pela semelhança entre suas práticas. O sentimento de pertencimento de grupo propiciou um debate interessante e enriquecedor entre os agentes culturais. No dia 23 de Março pela manhã, aconteceu uma mesa de discussão na Associação Cultural Ilê Axé Baba Okê e uma das falas que permearam o debate foram dos representantes do IPHAN. Foi discutida durante esta mesa uma das grandes diretrizes em destaque do instituto, a Salvaguarda, que vem reconhecendo práticas e memórias dos povos brasileiros.
Atualmente o instituto está catalogando as possíveis práticas que constituem o patrimônio imaterial brasileiro, mantendo assim uma política eficaz de preservação e resgate cultural, através dos “registros”, que diferem dos “tombamentos” a bens materiais. A união dos grupos de práticas semelhantes aumenta a força e indica o caminho a ser trilhado para conseguir tal registro. O samba de roda conquistou-o em 2004 e faz parte do livro de registros do IPHAN desde então.
É através da luta dos parceiros do samba de roda em conseguir o registro com o IPHAN, que percebe-se a vontade de determinados grupos de conquistarem o devido reconhecimento, e permanecerem como cultura ativa de uma sociedade cada vez mais esterilizada. É através de instâncias como o IPHAN que patrimônios culturais são valorizados, e tendem deixar a marginalidade a qual foram submetidos durante anos de repressão.
Os patrimônios culturais trazem em si parte da trajetória da sociedade brasileira, marcada por profundas chagas. Eles ajudam a superar, sem esquecer, injustiças feitas a etnias, grupos sociais ou minorias; garantindo por fim algumas das condições essenciais para a tão desejada harmonia social.
São eventos como este que tem como baluarte um simples sentimento tantas vezes não relacionado a patrimônios culturais, o respeito. Tal sentimento transforma o simples ato de receber, acolher e dar voz ao patamar de condição primária do trato com a cultura. E consequentemente, eleva seus praticantes à condição de mestres, visando incentivar não só os atuais praticantes, mas também os futuros, que ao se verem reconhecidos e valorizados, acabam por garantir o presente e o futuro de tais manifestações.
 

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